Thursday, August 24, 2006

Ventura

Um homem e uma mulher. Parados, frente a frente. Penumbra, local desconhecido. Se abraçam.

MULHER - Foi naquele exato momento que entendi tudo. Não mais éramos um par, e sim duas pessoas que muito se gostavam. O calor deu lugar ao requentado, e todo aquele conforto que um simples abraço como esse me oferecia parecia intangível, escorrendo pelas pontas dos dedos, se afastando lentamente da realidade. As mãos grandes nas minhas costas eram proteção. Agora, são restrição. Olho para o seu e olho para o chão e brilho, não por refletir, mas por reter toda a luz que recebo. Entendo agora porque as borboletas voam tanto, já que eu mesma faria o mesmo, se por ventura sair do casulo. Fogos no céu. Pequenas centelhas. Pequenas centelhas de vida que trocaria por anos de minha vida. Me reconheço no começo, através do fim. Me sinto pena. Barco a deriva, sem direção, mas com uma bússola na mão. A vontade é de gritar, um grito tão imenso que não consiga nem ouvir, mas que me preencha. E a ti.

HOMEM - Que bom que nos reencontramos.

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

MULHER - As borboletas já voam babe. Dentro de minha cabeça, as vezes dentro da minha barriga. Acho q na sua também. Uma certa fragilidade, meiga, mas impenetrável. Perdi minha bússula faz tempo. Sigo algumas escassas estrelas, mas as vezes elas também se apagam. Me reconheço no início, no meio mas não vejo o fim. Queria suspirar. Então, Heinecken?

HOMEM - (sorri)

10:38 PM  
Anonymous Anonymous said...

vc me toca de uma forma suave e contínua. going deep inside. growing territory. but the walls are high. too much fear.
vc me toca e arrepio,vc me toca. suave.sssssssssuaveee.

10:45 PM  
Anonymous Anonymous said...

bonito!!

6:13 AM  
Anonymous Anonymous said...

Uau garotinho
além de teatro, música e osenhor escreve bem também heim?
Não deixa o mundo te engolir não viu. Você é mais.

8:04 AM  

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